Colocando de parte a falta de sentido de oportunidade e boçalidade desta afirmação do nosso querido ministro Manuel Pinho, vamos lá ver o que nos custará esta resolução.
Há coisas que nos tocam mais que outras, claro. Escolho uma que me implica obrigatoriamente. Cortes no IAJ. Estou de acordo que existam mecanismos eficazes de verificação das condições dos candidatos. É por aqui, para além de cortes ainda não descortinados, que o Ministro das Finanças se propõe enveredar. Cito o JN:
"Além de pretender reforçar a prova de meios (rendimentos) dos beneficiários - de forma a garantir, por exemplo, a incapacidade dos pais para suportar a renda..."
Os pais?! Mas que porra! O que têm os pais que ver com isto? Se se sai de casa por alguma razão é, certo? Já agora vamos lá ver se os papás não têm um quartinho com espaço para levarmos para lá as nossas gajas ou gajos... "Quer namorar, hum? A caminha de solteiro para a qual a mamã arranjou uma colcha tão bonita já não serve?" Qual, aquela do Urso Mischa ou a outra com os Power Rangers?
E imaginemos que os paizinhos até têm capacidade financeira mas estão lixados connosco ou nós com eles, como vai ser? E o incentivo serve para que esta juventude se faça crescidinha, não é para continuar às custas dos progenitores, certo?
Estou mesmo lixado! Não é tanto com os referidos cortes, mas sim com a perversão da coisa, apre!
Tenho estado a ler os argumentos pelo NÃO no referendo e só me apraz dizer uma coisita:
Liberalize-se, despenalize-se ou o raio que parta o aborto ou a IVG e apoie-se as organizações do género da Ajuda de berço, Ajuda de mãe, Ass. para a Promoção da Segurança Infantil, Ass. Port. pela Humanização do Parto, Baby Center (sejam lá o que forem) ou outras quaisquer que ocupem o tempo das dondocas de Cascais ou da Lapa.
Pronto! Não ficaria toda a gente satisfeita assim? A serem válidos os argumentos de ambas as partes acabaríamos com o aborto, clandestino ou não, com a pobreza e com a vergonha das perseguições, certo?
A questão moral, como moral que é, ficaria sujeita à subjectividade da sua própria moralidade (chiça!)...
Os cartazes dos defensores da vida são formidáveis, os que não são pornográficos mostram criancinhas quase com idade de ir para o infantário como sendo fetos de meia dúzia de semanas. Quem não se lembra do Zézinho?
Vou perscrutando, escarafunchando e pensando nesta coisa que é a discussão sobre a IVG. Dá realmente mais que pensar a discussão em si que a própria matéria, que parece tão simples, pela tamanha estupidez de certos argumentos.
Vejo isto quase como voyeur, talvez esteja errado, mas discutimos uma coisa que diz estritamente respeito aos direitos da mulher, convenhamos. Que pelos vistos, ao abrigo da presente lei, ainda não é dona do seu corpo e vontade. Não quero com isto dizer que a discussão esteja reservada à mulher, pelo contrário.
Não vou argumentar porque não me apetece puxar pela cabeça, hoje estou sem paciência e sou capaz de só dizer disparates. Aqui segue um apanhado, que nem sequer deu trabalho nenhum, já estão todos juntos num só local, dos argumentos do NÃO:
Temos direito a poesia e tudo. Não é por 'rimar' que se torna verdadeiro, já eu disse em relação aos ditados populares.
'O "Não" é palavra de heróis, Dito por nós. Dito por ti…'
É isto que ando a tentar fazer há anos e aqui está exposto tão claramente... É uma boa desculpa para não ter de praticar tantos exercícios na guitarra.
"Com a introdução de outros parâmetros para além da altura sonora, nomeadamente o timbre, a construção de sistemas tonais orientados pelas frequências perde significado.
Assim o valor semântico dos sons ou ruídos deixa de depender - ou fá-lo de um modo subsidiário - das frequências."