Quarta-feira, 27 de Dezembro de 2006
...
«Eu sou pintora, disse, e como tenho um belo atelier podíamos combinar para ir lá amanhã.»
O rapaz riu por baixo do boné.
«Também sou pintor mas é de tabuletas.»
Amaram-se muito. Principalmente ali, no encontro feliz. Depois, logo no dia seguinte, vieram as subversões na torpe realidade. Julião tinha um horário invencível, vivia no lado de lá do lado de lá do rio, explicava ele. Aparecia radioso e Titânia tomava-o como uma bebida que não deixa chegar o fim do copo. Às vezes traziam-se coisas, um prego achado na praia, bocados, fotografias. Mas um silêncio irreal, um silêncio nos olhos ainda era a melhor dádiva que se faziam.
(...)
Mário Cesariny
Terça-feira, 26 de Dezembro de 2006
...
À laia de Cenas Obscenas aqui vai um quiz cá deste estaminé:Quem é esta simpática senhora?PS: Há brindes para quem acertar, não é como a forretice aí de outros antros...
Não se Diz Mal dos Mortos
Foram:- 3 anos de prisão por roubo- 4 detenções por violência doméstica- 2 anos de prisão por fuga à policia- Detenção por porte ilegal de armas- Agressão a um agente da policia- Várias detenções relacionadas com drogaQuando é que o génio manifestado em certas coisas nos deixa escapar com o facto de sermos uma besta?
Da Honestidade Imobiliária
Qualquer comentário mais é completamente desnecessário, portanto escuso-me a tal.
Quinta-feira, 21 de Dezembro de 2006
Top25
Segue ainda sem qualquer tipo de comentário o Top25 de pesquisas que resultaram em visitas a este humilde blogue. É uma coisa que prometo publicar regularmente.
- creolina
- creolina na alma
- mamadas de velhas
- iaj
- "creolina na alma"
- mamadas
- haxixe
- charlie manson
- creolina
- alupecia
- velhas mamadas
- erva da boa
- mamadas velhas
- choquinhos fritos
- escabiose
- creolina da alma
- cantilena
- creolina-na-alma
- inposttitle:haxixe
- higiene oral
- fissura rectal
- parangonas
- abibu
- hipotermia
- para que serve a creolina
Gosto e Paladar
Hoje pus-me cá a pensar umas coisas durante a viagem no Metro. Vinha meio enlevado a observar uma senhorita balzaquiana já adiantada (não era nenhuma florzinha nem tinha ar de quem chama pela mãe, não) e notei que a idade realmente faz qualquer coisa. A minha, é da minha idade que falo.
Já dou por mim a reparar, por exemplo, em mulheres mais velhas, coisa que há uns tempos não me interessava por aí além. É claro que a beleza se manifesta independentemente da idade e nunca me passou despercebida. Mas isto é diferente, não se trata de apenas notar certos traços mas sim nutrir uma certa atracção.
Isto não se aplica só à idade, manifesta-se também às fisionomias. Quando mais putos, parece-me, temos uma imagem à qual não conseguimos fugir muito. Ou a menina corresponde minimamente ou então não serve. Agora, cada vez mais, as balizas se alargam. A idade pouco importa, e consigo concentrar-me num ou noutro pormenor que serve para fazer palpitar a imaginação e a luxúria. Uns pés através de umas sandálias reduzidas, um ombro...
Voltando o título do post, que parece despropositado, e para explicá-lo vamos lá continuar. Esta conversa toda aplica-se muito bem à alimentação. E como mamíferos que somos faz sentido, o comer e o estímulo do paladar proporciona-nos também prazer.
Vejamos como o nosso paladar evolui com a idade. Na garotice não há miúdo que, se pudesse, não se alimentasse só de bifes com batatas fritas, frango assado e hambúrgueres do McDonalds. São como as meninas lourinhas, angelicais, de bochechas rosadas do ciclo... Mais tarde o panorama não muda muito em termos de alimentação, já as raparigas começam a ter que corresponder a critérios mais rigorosos, as formas têm de ser imaculadas.
Só quando adultos o nosso paladar se encontra desenvolvido, aprecia-se todo o tipo de sabores, cerveja, peixe cozido, sopa nabiças, arroz de grelos, iscas à portuguesa, etc... tudo e mais alguma coisa.
Eu vejo-me já nessa fase quando hoje vinha a apreciar a tal balzaquiana com uma boina, pinta de Michelle of the Resistance. Acho que era um prato de ovas grelhadas com molho de coentros.
Terça-feira, 19 de Dezembro de 2006
Badalhoquismo no Bacalhoeiro
Dias 12 e 19 de Dezembro há badalhoquices no Bacalhoeiro com um ciclo de video de curtas e longas metragens.
Não confundir com as badalhoquices da cozinha do Galeto, Badalhoquismo ≠ badalhoquice, está bem? É mais um 'ismo tal como o Cubismo ou o Impressionismo.
Hoje temos no cardápio:
Uma curta-metragem que narra, através de uma sequência de stills, um trágico caso de amor, repleto de automutilações e fragmentos de um romance literalmente destrutivo.
Uma psicóloga junta a mesma equipa do filme 24 Horas de Sexo Explícito, para uma orgia com duração de 48 horas para o desenvolvimento de uma tese. Contudo, a meio das filmagens, os actores percebem que estão a ser usados para outro fim.
Depois de assassinar os pais, um jovem adolescente vai ao cinema ver Perdidos de Amor. Márcia, uma jovem rica e insatisfeita, aproveita a ausência do marido para ir à casa de Petrópolis, onde recebe a visita de uma velha amiga, Regina. Intercaladas com as cenas entre as duas mulheres que dançam, conversam sobre homens e se acariciam, aparecem pequenas histórias autónomas de assassinatos no interior de famílias pobres. Entre estas crónicas familiares, destoa a história dum preso político torturado até a morte.
Bacalhoeiro
Rua dos Bacalhoeiros, 125-2º1100-068 Lisboa
218 864 891
Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2006
Talvez me safe das peúgas...
Lembram-se da minha proposta de algumas semanas atrás? Pois bem, parece que tenho certa pessoa interessada da Aldeia De Paio Pires...
Estado Bovino
É o que diz a Agência Europeia de Segurança Alimentar num relatório relativo a 2005.
Não é nada de espantar que a doença das vacas loucas ataque em força países que vão marinando em estado bovino, pois não? De que estavam à espera?
Sábado, 16 de Dezembro de 2006
Puseram Grades Sobre os Precipícios*
Falemos muito claramente de suicídio e de eutanásia sob a forma voluntária, que discussão haverá necessidade de existir nestes casos?
Piergiorgio Welby, italiano de 60 anos, veio, através de um vídeo difundido na TV com uma missiva dirigida ao presidente italiano, pedir o seu corpo de volta, quer a eutanásia.
Welby diz que o seu corpo já não é seu, mas digo eu que não foi a distrofia muscular, diagnosticada na adolescência, que lho roubou. Rouba-lho quem não o deixa morrer agora, como deseja.
O que será que tanto assusta estados e religiões no facto de sermos nós os detentores da nossa vida e donos dos nossos corpos? A igreja excomunga-nos enquanto as autoridades nos controlam, proibindo em casos como o de Welby.
Qual é o fundamento para que se tente ou impeça alguém de terminar a própria vida quando assim decidir, e por quaisquer motivos que encontre? E como discutir o 'direito à vida' sem tocar no direito à morte?
A forma como este italiano exprime a sua vontade é tocante e mostra-nos a injustiça da vida. Não da vida biológica que é dura, absurda, mas sim da vida que é vivida de acordo com sistemas regulados vai lá entender-se porquê.
Não pude deixar de pensar nesta questão sem a relacionar, em certa medida, com a nossa discussãozinha nacional. No que é que um individuo adulto, plenamente informado e consciente, pode ser impedido de fazer como seu corpo? E porque não poderá ser assistido por quem detém o conhecimento técnico apropriado para fazê-lo?
Puseram grades sobre os precipícios, permitir-me-ão a *citação descontextualizada de Sá-Carneiro, espero...